Em casa dos meus pais há uma fotografia, tirada há precisamente 26 anos, em que eu estou em bicos de pés, a espreitar para um berço, com um arzinho embevecido. Lá dentro estava a minha irmã Vera.
Ao que tudo indica, a minha mãe escolheu um nome que estava no top 25 na altura, deixando para trás Joana, Sara e Andreia, que eram os nomes do momento. Na verdade, a minha mãe já tinha escolhido o nome há muito tempo, porque se apaixonou em pequena por Vera Lúcia. O nome foi equacionado para mim, mas talvez eu não emanasse a luz necessária para o receber!
Com o avançar dos anos 90, Vera foi perdendo espaço no ranking e em 1997 abandonou o top 50. Baixou da marca dos cem registos em 2006 e em 2014 ocupava a 99.ª posição do ranking, a pior desde 1990, sendo atribuído apenas a 39 meninas. Em Espanha, o nome está a fazer um percurso inverso e tem subido várias posições de ano para ano, entrando no top 30 de 2014; na Suécia, no mesmo ano, ficou na 27.ª posição.
Apesar de reconhecer que Vera poderá estar demasiado colado aos anos 70 e 80, não me faz confusão imaginá-lo numa bebé. Não seria a minha primeira escolha (e, a usurpar o nome da minha irmã, admito que o meu coraçãozinho palpita mais por Lúcia) mas estou longe de o considerar um caso perdido!
Vera deverá ter chegado a Portugal pelo italiano Vera que tem origem na palavra latina correspondente a verdadeira mas as suas raízes não se esgotam aqui, já que em russo remete para fé ou fidelidade. O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa menciona a versão masculina, Vero.